terça-feira, 9 de setembro de 2008

Sensibilidade

A mídia anda falando à exaustão de outro homicídio de crianças. Não vou repetir aqui. Acho que não deve ter uma pessoa nesse país que não tenha ouvido falar alguma coisa...
Claro que casos assim tocam todo mundo. Mas em mim calou mais fundo por diversas razões: Trabalho com crianças num hospital. Ainda sou projeto de Assistente Social e no futuro posso vir a trabalhar com crianças em situação de abandono, negligência etc.
Aqui no trabalho passamos um bom tempo discutindo aspectos do caso, onde erraram, quem errou...
O problema é que não tem mais conserto!
Quem já visitou um abrigo para crianças sabe que o maior desejo delas é de terem uma família.
Se uma criança, que tem família não deseja estar com ela, algo deve estar errado!
As crianças desse caso passaram nove meses abrigadas, para, no final, os pareceres profissionais recomendarem que elas fossem devolvidas à família. Detalhe: em todo o tempo elas pediram para não voltar!
Mas segundo os profissionais elas estariam "fantasiando".
Em todos os campos existem práticas e procedimentos. Mas nem tudo é somente prática e procedimentos!
Existe algo muito subjetivo, mas que, objetivamente precisa ser usado em qualquer profissão: Sensibilidade!
Por mais técnica que seja a profissão, trabalhando diretamente com pessoas (como no meu caso) ou não, é preciso ser sensível pra enxergar aquilo que não é concreto, o subjetivo, aquilo que vai além das técnicas e dos procedimentos.
Eu lembro que no segundo grau, no meio daquela indecisão sobre que rumo tomar profissionalmente, numa conversa no colégio alguém disse que não faria medicina "porque medicina mata gente!" (Eu também não faria medicina, apesar de ter caído de pára-quedas na área de saúde e me apaixonado!) Mas na faculdade vi que minha futura profissão pode "matar gente" também, por negligência.
No caso dos dois meninos, os procedimento foram corretos. Tecnicamente não houve erro, seguiram direitinho o padrão brasileiro que recomenda que o melhor lugar para a criança é com a família.
Mas faltou sensibilidade para questionar, investigar aquilo que estava nas entrelinhas...
Disso tudo aprendi mais uma lição: Falta de sensibilidade também mata!
Pensem nisso!


4 comentários:

Ita Andrade disse...

Falta de sensibilidade mata o amor, a esperança, mata de fome, mata de dor, mata mesmo! e o pior é que este tipo de crime não está inserido no codigo penal...
Fiquei pensando sim...

Anônimo disse...

Sensibilidades a parte, vamos para os países onde a sensibilidade, não é nem de longe o forte.
Alemanha, Suécia, alguns países escandinavos e até boa parte dos estados dos EUA, adotam procedimentos semelhantes, mas contam com boa verba, para exames minunciosos que distinguem com exatidão, pais e responsáveis, que podem ser um risco a integridades das crianças.
Por aqui, convenhamos, vivemos num "finje que tá certo" eterno.

Ita Andrade disse...

Oi Adriana,
Seu texto é otimo e com muito prazer indiquei seu blog para o Premio Dardo, vem ver...
Super abraço

Ita Andrade disse...

Adriana, com muito carinho indiquei Lugares comuns para o Premio Dardo, vem ver
super abraço