domingo, 8 de dezembro de 2013

Sexo em Audio

O prédio em que moro é mais um dentre milhares do centrão de sampa. Nada de extraordinário, mas super limpo e organizado, obra da síndica portuga, tão antiga e tão conservada quanto ele.

Aqui mora todo tipo de gente, desde senhores e senhorinhas que devem ter comprado seus apartamentos na planta, até a Lygia, estudante do Mackenzie, dezessete aninhos, que dia desses me aparece na porta pra pedir açúcar e manteiga, talvez achando que sampa é igual a cidadezinha dela.

 Tem a galera gay - coisa que a síndica prefere ignorar- e tem também os jovens casais com bebezinhos.

 A grande maioria morando em kits, que aqui, nem são tão kits assim... A sala é grande, a cozinha separada, tem área de serviço. Super vantagem.

Temos nosso próprio louco, nosso próprio "nóia" sequelado - explico: o cidadão tomou tanta coisa que acabou meio PQ. E por fim,  temos o casal que transa fazendo barulho pra o prédio inteiro escutar. E olha que são dezessete andares!

  Esses, parecem incomodar mais que o louco quando surta. Basta o casal começar o sexo narrado em verso e prosa, pra o povo começar a ameaçar com a polícia.

 Ok, temos crianças, e eu concordo que elas não precisam aprender nada antes da hora.

 Mas não acho que seja esse o principal motivo. O X do incomodo  -ou deveria chamar de ponto G? é o quanto a felicidade alheia incomoda. Pelo visto ( pelo som, melhor dizendo)  o sexo é bom, e dura horas, literalmente.
 E olha, que sexo por horas seguidas é coisa rara. E ainda mais, se tratando de um casal.

E ai, meu povo, que o casal que transa feliz por horas seguidas, tá causando um belo desconforto. O paradoxo: Quando tem briga de outros casais, o ibope é bem menor, e ninguém é solidário chamando a polícia pra apartar as agressões. Vale a máxima que em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher.

Mas no sexo feliz do marido e da mulher em questão, vale meter a colher, mandar parar com a "putaria", chamar a polícia...

Esse prédio aqui tá longe de ser um convento. Muito pelo contrário. O movimento é grande e uma boa parte se diverte bem. Mas em silencio.  Talvez, penso eu com meus botões, o sexo da maioria além de ser sem som, dure apenas uns minutinhos, e os orgasmos sejam protocolares. Nem de longe tão felizes quanto os dos vizinhos. E é ai que o bicho pega... Ouvir o som, faz pensar, faz invejar, faz perceber que a vida não anda tão feliz, nem tão animada... Melhor calar as vozes pra não ter que pensar no seu mundinho cinza, bem longe dos "cento" e cinquenta tons de cinza do casal feliz...

Antes que me perguntem se eu também invejo, eu respondo: invejo.  Eu também quero sexo animado, com alguém que eu chame de meu, e que dure horas literais, Mas também torço pela felicidade alheia, não me importo com o barulho em absoluto, deito e durmo. O barulho do trânsito, esse sim incomoda. E só perdi o sono por eles pra escrever esse post, pois houve uma verdadeira comoção agora à pouco. Assim, resolvi fazer meu manifesto escrito em defesa da felicidade alheia...

Até...

2 comentários:

Re Gondim disse...

A-D-O-R-E-I... me fez pensar o quanto tento não fazer barulho nas horas mais íntimas com o maridão hahah. Não precisa ser histérico, mas um gemidinho causa mesmo uma boaa inveja. As vezes rio qdo o "volume" sai um poucos mais alto que o normal e ele coloca a mão na minha boca...e nessas horas a gente ri juntos. (E pra falar isso publicamente, eu precisaria me sentir muita a vontade haha) Beijaoo flor, to adorando voltar a passear no teu blog.

M Rodrigues disse...

Muito bom!